O PIUIII DA MINHA MEMÓRIA
Viajei
de trem, com meus pais, de Santo Anastácio a São Paulo. Adorei os bancos de
madeira, a cama do vagão leito, o barulhinho que embalava o sono e o café da
manhã. Mas isso ficou na minha memória, pois as viagens de trens de passageiros
quase não existem mais, no nosso Estado de São Paulo.
Décadas depois, e já
formada pela PUC em Jornalismo, tive a oportunidade de conhecer o Festival de
Inverno de Paranapiacaba, antiga vila de ferroviários ingleses da São Paulo
Railway, quando trabalhava como jornalista contratada da Refinaria de Capuava (RECAP)
da Petrobras, em Mauá – SP, logo depois de Santo André, e antes de Rio Grande
da Serra, no caminho de Paranapiacaba. A vila fica no limite da Serra do Mar,
no alto, pouco antes da descida para Santos.
Em 2014, adoraria voltar ao
Festival de Inverno de Paranapiacaba por trem, saindo de Presidente Prudente.
Mas isso não é mais possível. Perdeu o nosso Estado de São Paulo, perderam
paulistas, perdeu o Brasil. Espero que o transporte ferroviário volte à ativa e
com a força e cuidado que merece, por conta da sua imensa potencialidade.
Na
Suíça, no Japão, nos Estados Unidos e em tantos outros países, a ferrovia é
estratégica para negócios e pessoas. Pequenos roteiros, ou grandes viagens (“coast
to coast”, como se diz na América, por exemplo) acontecem todos os dias.
E nós
estamos parados, toneladas de soja e produção recorde de grãos só podem chegar
aos portos pelas rodovias. Atravessar o Brasil, de Mato Grosso ao porto de
Santos, por exemplo, é impraticável. Nosso país é grande demais, as distâncias
são continentais e o caminho seria mais curto, ou pelo menos mais barato, se
fosse feito por hidrovias e ferrovias.
O represamento de rios, como o meu
conhecido “Paranazão” (como é chamado aqui na região de Prudente o Rio Paraná), lá em Presidente Epitácio (ou “Porto” Epitácio), não se justificou com a
implantação de um sistema eficaz de transporte. Vez em quando, num domingo, é
possível almoçar numa embarcação, um navio, que passa pela cidade e faz um
trajeto até o meio da tarde. E é só isso, além do turismo de pesca.
Como
eu queria ver, ainda nesta vida, os trens apitando de longe, o movimento nas
plataformas das estações que viraram de tudo – tem museu, em Santo Anastácio; e
posto do Procon em Prudente, só para ilustrar o argumento.
Ver
navios, embarcações de tamanhos e formas diferentes, servindo às cargas e às
pessoas. Opções de turismo para todos(as) que quisessem conhecer melhor o nosso
Estado de São Paulo.
Mais
alternativas de transporte, para que as pessoas tivessem mais escolhas, preços
variados, serviços mais seguros e mais baratos.
Eu
adoraria ver isso, mas não acredito que possa acontecer na minha geração. Nem
sei se meus sobrinhos, João Vitor e Vitória Emanuelle, poderão conhecer trens e
navios de transporte em seu próprio estado, em seu País.
Por
isso, esse meu sonho tem um tom melancólico, de desesperança, que em nada me
agrada. Mas é real.
Em
2014, no fim de semana de início do Festival de Paranapiacaba, no meu estado, evento
do qual me recordo com saudades, não posso optar em visitar a Vila de
Paranapiacaba de trem, partindo de Presidente Prudente.
Não há mais trem.
Só
resta a minha memória e este texto
baseado em lembranças e emoções.
Sumiu no tempo aquele som de Piuiii.......
1 Comments:
Pppiiiiiiiiiuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiii
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