Monday, June 16, 2014

Projeto MÚSICA PARA OS OLHOS promete
agitar produção cultural brasileira em 2006

A produtora cultural MônicaHernandes conta como esta iniciativa integrará artes plásticas, música instrumental, vídeo arte, intervenções urbanas com a história dos carroceiros e catadores de lixo das metrópoles. MÚSICA PARA OS OLHOS será uma explosão de arte visual, que deve percorrer nove estados brasileiros em 2006.

Cris Campos 

Mônica Hernandes é produtora cultural, curadora de arte, marchand e coordenadora de exposições como "Música e Cor", que exibiu os quadros do artista plástico Farago em 2005, no Cultural Blue Life, em São Paulo, Brasil. A primeira mostra individual estimulou a veia criativa de Farago e Mônica. Eles continuam juntos no projeto MÚSICA PARA OS OLHOS que, em 2006, deve percorrer nove estados brasileiros com uma interessante proposta de arte visual. A idéia é integrar artes plásticas (com uma mostra de cerca de 25 quadros), música instrumental (CD de jazz e blues) e vídeoarte com intervenções urbanas realizadas por artistas, carroceiros e catadores de lixo. Mônica Hernandes inspirou dois textos da colunista Cris Campos, do Brasil: a crônica "Casa Azul" e uma entrevista exclusiva, que você acompanha nos links abaixo:


CRÔNICA
Casa azul

Onde a grande avenida vira a esquina e finge ser uma pequena rua, ela se instalou. Os sobrados fazem fila, como no Pelourinho de Salvador. Mas são tímidos, pastéis. O número 617 não; talvez pense que é baiano. Todo lindo. É de um azul escuro tão profundo que chega a dar saudade de tudo que é bom e que passou, passa ou passará nesta vida.

Da porta na varandinha, ela abre o sorriso. Camisa vermelha, decotão, brincos de cristal rosa cheios de luz. Cabelos cacheados caídos aos pés da gravidade. Colo farto de mãe - do Bruno, um "artistinha" de quatro anos. Filho de Wilson, pai músico e de Mônica. Morena e Mãe de mais gente. E de todas as cores das sete faixas do véu de Íris.

O Sol que reflete na casa Mágica. Lá do céu, ele sabe que debaixo das telhas tá cheio de quadros, encostados nas paredes, no chão, no ar.

Por enquanto, são doze artistas que Mônica acomoda no coração e sob os olhos castanhos. Debaixo das suas asas, só não entra quem é bobo. Ou tem medo de fazer arte. Ou não sabe sorrir alto, escancarado, com a roupa tingida de tinta. Ou pensa que a arte não é humana, não está para esta subdesenvolvida vida. Tem que esconder. Quando "arte é para ser vista", diz Mônica.

Ela sabe, desde pequena, que arte é vida. Porque Mônica Hernandes é Marchand, assessora de artistas, curadora de arte, criadora de casos, fomentadora de estórias.

Uma arteira artista, babá de artistas no Brasil, que dá tchau do sobrado azul da rua que quebra à direita. Aquela ruazinha que faz reverência ao grande parque verde que lhe emprestou o nome: Ibirapuera.

No meio de São Paulo, encontrar Mônica é como mergulhar num quadro colorido, tropical, caliente. E achar, no embaçado expressionismo poluído da realidade, uma flor brasileira da metrópole. Nítida. Clara. Simples. Mônica Hernandes.


ENTREVISTA
Menina arteira

Com voz bonita e cercada por quadros e objetos de arte, Mônica Hernandes sentou-se na mesa, de frente para uma janela escancarada ao céu de outono. Azul. Só azul. Acomodada nesta moldura, como uma Maddona de verdade, ela contou a história da primeira exposição de Farago e falou, com exclusividade pra o Bons Ventos, sobre um projeto maior, MÚSICA PARA OS OLHOS, que florescerá em 2006. Assim:

Mônica Hernandes - "MÚSICA E COR foi a primeira exposição individual do Farago. Nós temos um projeto, para o ano de 2006, que se chama MÚSICA PARA OS OLHOS, que é exatamente retratar, através do trabalho do Farago, interagir com a música e com a própria composição visual.

Itinerante. Ele já está preparando. Na verdade, essa Música e Cor foi uma premier do que vai ser o projeto todo. E a gente quer colocar em nove estados. Então, seria São Paulo, Paraná (Curitiba), Minas Gerais (Belo Horizonte), Distrito Federal (Brasília), Rio de Janeiro, Santa Catarina. E tem um CD.

Música para os olhos está muito voltado para o jazz. Jazz e blues. E até para dismistificar um pouco, no Brasil, a coisa da música instrumental também. E aí tem um CD de jazz e mais toda exposição, que tem em torno de vinte e cinco obras.

O blues é uma delícia e as pessoas têm uma certa reticência. Essa é a idéia. E está linda a exposição. Tem camisetas, brindes promocionais. Vai ter todo um trabalho de assessoria de imprensa para tudo isso. Então, eu acho que são os dois trabalhos principais do Farago mesmo.

Quando eu era coordenadora cultural, o Farago veio e disse:
-          Preciso te apresentar um projeto que eu tenho.
Eu falava:
-          Puxa vida, ele fala e não me apresenta.
Até que um dia, eu disse:
-          Farago, eu preciso saber, para eu poder encaminhar a sua carreira, eu preciso saber.
Ele falou:
-          Eu tenho dúvidas da minha linha de trabalho.
Eu falei:
- Então, vamos lá.
E marcamos uma reunião. Quando ele me mostrou, eu virei e falei:
-          Essa é a sua linha de trabalho. Você vai crescer muito, por estes traços gestuais mesmo. Ele é mais solto.
E eu falei:
-          Pega a música e vai desenvolvendo o projeto.
Então, eu peguei um filho.
No dia da exposição, ele estava muito feliz.

(Nota: o vernissage da primeira exposição do Farago aconteceu na noite de 04 de maio de 2005, no Cultural Blue Life, de São Paulo, Brasil.)

Inclusive essa já é uma segunda fase do trabalho, em que eu vejo o crescimento dele. Muito mais solto. Então, as pessoas que acompanharam lá atrás, vieram conversar comigo:
-          Mônica, que amadurecimento de trabalho!
Isso é muito legal. Porque aí você vai vendo o artista amadurecendo mesmo. Porque isso eu já tinha visto lá atrás. Eu falei:
-          Farago, daqui um tempo você vai estar muito mais solto, a proposta vai estar redonda.
E eu já senti isso. Para mim, naquele dia estava nascendo um filho. E as pessoas percebendo já uma evolução de trabalho.
Ele está muito maduro, por ser um artista jovem, é a primeira exposição individual, mas ele tem projetos muito bacanas.
E vai ter um outro, que a gente vai realizar que é uma intervenção urbana e o Farago vai estrar trabalhando a parte de artes plásticas. É um projeto já mais arrojado, em que ele vai estar se mostrando mesmo para a cidade. Mais contemporânea a proposta. Tem um cunho social, que é com os carroeiros, os catadores de lixo. Então, essa proposta vai estar muito bacana também."

(Nota: O curta-metragem brasileiro Zagati conta a história de um catador de papel de São Paulo, José Luiz Zagati, que sobreviveu décadas da sucata, do papel, do papelão e de filmes de cinema que resgatou do abandono no lixo. Não por acaso, um dos diretores do filme, Nereu Cerdeira, participará do projeto MÚSICA PARA OS OLHOS.)

E aí, então, a exposição aconteceu lá no Blue Life, no andar superior. E a gente vai trabalhando, para que as empresas também conheçam o trabalho dos artistas, principalmente do Farago que tem esta proposta. Estamos na fase de captação de patrocínio, justamente para este projeto MÚSICA PARA OS OLHOS acontecer em 2006."

São Paulo, Junho de 2005




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