Monday, June 16, 2014

RICARDO ODEIA COMPUTADOR

O caricaturista brasileiro Ricardo Soares, de tanto dizer que odeia computador, ganhou uma crônica: "Odeio computador!". Depois da crônica, leia entrevista exclusiva com Ricardo, que fala de sua carreira e do mercado de ilustração no Brasil. 
A CRÔNICA 
Odeio computador!
Cris Campos

- Cara, eu odeio computador. Odeio!Como alguém de olhos fechados que abre os sentidos bem devagar, ouvi aquela frase crua. Desacelerei, para captar melhor a explosão. Categórico, Ricardo afirmou isso diante do seu inimigo.A máquina pareceu sentir o ódio. Magoada, recusava-se a lhe oferecer de boa vontade as soluções para colorir um desenho enviado por uma amiga. Desenho entregue por e-mail. Nem com esta ajuda do correio eletrônico, apiedou-se. O usuário olhava feio para a estação de trabalho que deixa morar na sua casa.Meia hora de briga. Até o mouse estava cansado. E nada. Enquanto isso, pude anotar o suficiente na cabeça para esta introdução.De perto, Ricardo sentado na grande mesa sobre estacas, diante do micro grafite. CPU com cara de frente de carro, teclado moderno, ergonônimo. Preto e prateado combinavam bem no aparelho maldito, que sugava os olhos do humano à sua frente, de cabelo preto-e-branco por coincidência, ou convivência.Ele repetiu:-          Odeio computador. Agora, deu de travar. Olha isso!Aquela frase de ira parecia meio fora de foco a princípio, por isso agucei os seis sentidos.Rodopiei os olhos pelo local e pude ver melhor. Ricardo na mesa grande do micro, ao lado do fax, diante do quadro de cortiça, à esquerda do calendário de mesa.Realmente, quem estava deslocado ali era o coitado do computador. Tudo o mais à sua volta dialoga com a arte do desenho e da pintura feita à mão. Mais precisamente para a arte da caricatura, que hoje exige mais do tempo de Ricardo.Até na hora do jantar, os desenhos paralisam tudo, comandam o cenário.O computador fica inibido, rodeado por potes e copos cheios de lápis, canetas, "coisas" de desenhar, para desenhar, sobre desenhar. Pudera, é máquina parida em escala no meio de um apartamento de artista. Isolado, sem defesa, diante da forças das artes plásticas que assombram o 1.207. Liberdade é o nome do bairro, mas não foi oferecida a ele.Imagine humilhação que não deve ser ficar imobilizado, pregado sobre aquela mesa com cara de utensílio de pintor. Tudo piora quando o destaque do cômodo é o carrinho vermelho para desenho, a poucos centímetros. Projetado na Itália, acomoda produtos para artes como um berço faz com um bebê. Abarrotado de gavetas, andares, espaços para esboços, pincéis, lápis, bastões, réguas, papéis especiais.Aquele artefato parece uma Ferrari. Tem quatro rodas, design italiano e cor brilhante que te obriga a fixar os olhos. E fica cheio de coisinhas interessantes, badulaques, rabiscos, desenhos, obras acabadas. E nunca ouve desaforos, muito menos palavras explícitas de ódio com ponto de exclamação no final.O pobre computador, refém deste espaço, parece gritar quando se olha mais de perto:- Socorro!Mais à frente e perto da grande janela, outra mesa mais imponente se instala. É uma prancheta, uma "tábua ou mesa própria para desenhar", segundo o dicionário Aurélio, página 1.614. Esta desfruta das luzes e da alegria daquela vista: São Paulo de dentro do coração - Catedral da Sé à esquerda, grandes avenidas, muitas luzes coloridas, helicópteros e aviões animados no céu, carros que vão e vêm, com suas luzes vermelhas e brancas. De dia, outras cores aparecem, junto com novos aviões e helicópteros, bailarinos no céu.Aquela janela colorida é a maior amiga do Ricardo, na sua casa-estúdio. Porque ajuda na produção dos desenhos sobre a prancheta. Naquela noite, à direita da caixa vermelha de metal com os famosos lápis suíços Daran d'Ache, para aquarela, repousava uma caricatura recém-aprovada do ator brasileiro Taumaturgo Ferreira.-          Feita à mão. É disso que eu gosto. E está aprovadíssima!Disparou Ricardo da frente do computador. Ele tentava ser solidário ao meu tour, mas seu ódio pelo computador era maior.A janela guardava a chuva e o frio do lado de fora. Também protegia mais e mais material para desenho e pintura aos seus pés. Do lado oposto ao da prancheta, uma mesa de luz e um cavalete para pintura, em local de destaque. Porque Ricardo tem muitos quadros a óleo para pintar e, às vezes, uma ou outra caricatura gosta de descansar ali.Quase ao final da volta, uma estante aconchega livros, gibis (gíria para histórias em quadrinhos). Uma escultura em barro terracota da cabeça do Ricardo com barba debaixo de uma fita do Senhor do Bonfim equilibra aquele monte de papel. Livros sobre os grandes mestres do desenho à mão livre, caricaturistas do mundo todo, vários livros do Chico Caruso, o irmão "quase igual" do Paulo, que também é artista do desenho. E tome quilos e quilos de livros sobre pintores, bem de frente com o cavalete do pintor que mora naquele andar.Do outro lado da estante, um guarda-roupas. À frente e já no limite da parede, uma cama de casal, com edredon.Naquele canto, mais afastado da poderosa janela, fica a mesa do computador. De dia ou de noite, ele não sente as luzes de fora, nem os arco-íris, as cores que se apressam na grande cidade. E nunca saberá desenhar sozinho, nem pintar, nem resmungar, nem manusear coisas de artista, nem pensar nos próximos dois desenhos da série Taumaturgo. Sem pensar nos outros projetos, nos salões de humor, no calendário gigante do Paulo Caruso na parece, na outra prancheta menor no corredor de entrada.O computador dessa casa tem depressão. É máquina sedentária, mora na Liberdade e nunca sai, está longe da janela e das cores da cidade e convive com Ricardo Soares - um artista que desenha e pinta à mão - e sempre fala:-          Odeeeeeeeio computador!
São Paulo, 26 de maio de 2005

A ENTREVISTA
Ricardo Soares tem trinta e sete anos.
Desenha e pinta desde os doze.
Seu site é o www.caricaturaaovivo.com.br.
Nasceu em 14 de novembro de 1967, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, Brasil.
Faz caricaturas em aquarela e é uma das promessas da arte da ilustração no País.
Filho de João Ribeiro Soares e Carmelita da Silva Ribeiro.
Tem presença em vários salões de humor.
É colega e amigo dos ídolos de antes.
Irmão de João Luiz, Rodrigo, Tânia e Raquel.
Quer voltar a pintar telas a óleo e diz que o mercado da ilustração no Brasil é muito difícil.
Mudou-se para o Piauí, estado de seu pai, quando adolescente. Lá, encontrou o professor Ruiz, de geometria e pintura.
Seu sotaque ainda lembra aquela temporada.
Foi ao primeiro salão internacional do humor, na capital piauiense, Teresina, onde conheceu Chico e Paulo Caruso e outros nomes ilustres do desenho de humor, da caricatura tupiniquim.
Já trabalhava em agência de publicidade, quando voltou para São Paulo.
Desta vez, suas malas carregaram a paixão pela caricatura.
Desenha até no meio do pub, rabisca guardanapo, esboça a caricatura de um, guarda foto de outro para depois.
Vive no meio das cores, dos desenhos, dos livros de arte, dos artistas do traço.
É um deles.
Seu apartamento-estúdio tem uma grande janela, por onde entram luzes, cores e inspirações.
Gosta de sapatos, mas odeia computador.
Desenha com as mãos. Resiste ao mercado informatizado.
É filho das cores, herdeiro da paleta infinita do universo.
Mas tem cabelo preto-e-branco. Ou branco-e-preto?
Cris Campos - Como é participar da Quarta Cultural, da Casa do Artista, quando você produz caricaturas em aquarela ao vivo, com o material da Caran d'Ache?
Ricardo Soares - "Eu acho legal, é uma boa iniciativa da Casa do Artista. É diferente. E acho que tem tudo a ver com a casa, que pode deixar a casa muito mais animada. Como é uma das poucas casas da cidade, e talvez do Brasil, que realmente vende os melhores materiais.
Tem tudo a ver esse tipo de ação com artistas, de experimentar material, demonstrar material, fazer com que o artista tenha o contato com o público. É importante.
Isso pode ter um lado comercial, mas tem um lado social muito interessante, que é o contato do artista com o público. Acho que a gente está numa época em que o artista não pode mais ser enclausurado."
Cris Campos - Quando você começou a desenhar?
Ricardo Soares - "Na escola, como todo mundo. No primário. Fazia cenas, desenhava hasteamento da bandeira, animais. Gostava muito de desenho animado - Speedy Racer, Homem Aranha. Vários desenhos da época, do "Globo Cor Especial" (programa da TV Globo)".
Cris Campos - Quando deu o insight para ser desenhista?
Ricardo Soares - "Na verdade, eu comecei a desenhar mais intensamente quando eu entrei no ginásio.
Tive um professor espanhol que, além de dar aulas de matemática, física, ele desenhava e pintava muito bem. Professor Ruiz. Manoel Mariano Ruiz Vasquez. 
Eu estudava num colégio de padre e ele era professor lá. Não era padre. Um colégio de padres espanhóis, da Ordem de Nossa Senhora das Mercês, da Espanha. No Piauí, em São Raimundo Nonato. Essa ordem tem algumas sedes no Brasil, no Rio de Janeiro, no Piauí e na Bahia. Colégio da ordem mercedária da Espanha."
Cris Campos - Porque isso te marcou?
Ricardo Soares - "Porque eu sempre fui muito apaixonado por desenho e esse contato com o professor Ruiz foi muito importante, porque ele foi o meu professor dentro da escola e eu tinha aulas particulares também com ele. Ele dava aulas de geometria. A gente fazia figuras geométricas sólidas. Ele dava como exercício essas coisas e pintura também.
E através dele, eu conheci a pintura mais a fundo. E a partir desse colégio, eu comecei a pintar em tela, a fazer pintura a óleo. Entrei nesse colégio com 15 anos."
Cris Campos - Como veio a profissionalização?
Ricardo Soares - "Eu nasci em São Paulo, em São Caetano do Sul, em 14 de novembro de 1967. Com 13 anos, fui para o Piauí e fiquei lá 12 anos.
Eu morava no interior do Piauí, nessa cidade (São Raimundo Nonato). O meu pai foi para lá porque lá ele tinha condições de pagar um bom colégio; e esse era um bom colégio.
Depois, quando eu terminei o ginásio e fiz o primeiro ano do segundo grau lá, fui para a capital, Teresina.
Eu fui para o Colégio Agrícola, de Técnicas Agropecuárias, através da Universidade Federal do Piauí. Eu fiz o primeiro ano e saí. Acabei abandonando o curso, que não tinha nada a ver comigo. Aos dezenove anos.
Mas aí eu comecei a conhecer pessoas que trabalhavam na área, e aí eu fui trabalhar numa agência (de publicidade). Fui indicado para uma agência, fui lá e mostrei o trabalho.
Eu fazia logotipo, fazia arte-final. Fazia um trabalho que ninguém mais faz hoje, com o advento da informática, que é pastup - colava letra por letra, montava texto. Ninguém hoje precisa fazer mais isso. E ilustrava também, fazia ilustração dentro das agências. Tive contato com artistas muito bons."
Cris Campos - Mas quando você descobriu a caricatura?
Ricardo Soares - "Ali em Teresina, eu conheci o Salão do Humor, que é o Salão Internacinal do Piauí, um dos melhores salões do mundo. Eu comecei a ter contato com os trabalhos de caricatura, desenho de humor. Eu me apaixonei.
O primeiro salão que eu vi foi em 1987. Eu nem imaginava que existisse um salão daquele no Piauí. Não discriminando o Piauí, mas eu fiquei surpreso porque o nível do salão e os convidados de renome que iam lá. Era Luís Fernando Veríssimo, Paulo Caruso, Chico Caruso, Angeli, Laerte. Eu cheguei a ver tudo isso de uma vez só."
Cris Campos - Foi uma amostra daquilo que seria o seu futuro? Naquela época, você pensava que se tornaria amigo e colega, por exemplo, do Paulo Caruso?
Ricardo Soares - "Pois é. Nem imaginava. E quando eu conheci o salão do Piauí, não conhecia nenhum artista da cidade. Eu ainda estava no Colégio Agrícola."
Cris Campos - E quando você veio para São Paulo?
Ricardo Soares - "Depois de trabalhar algum tempo lá em agência. Vim com a cara e a coragem. Sozinho. Quando o trabalho começou a ficar muito escasso em Teresina, eu vi que era a hora de ir embora e buscar novos horizontes. Eu sabia que as maiores editoras estavam aqui, os jornais, as revista, as agências. O mercado de São Paulo é muito melhor.
Tinha que ter vindo mesmo. Não tinha outra saída.
Foi difícil. O começo foi muito difícil. Morando em pensão, passando necessidade. Eu fui trabalhar num estúdio e com o advento da computação, levei um pé-na-bunda do estúdio e não fui aproveitado."
Cris Campos - Hoje, em quê fase da carreira você está?
Ricardo Soares - "Eu acho que estou numa fase boa. O meu desenho evoluiu, apesar da estagnação do mercado. Eu acho que o mercado de ilustrações está um pouco ruim. As editoras pagam cada vez menos.
Com o computador, todo mundo se tornou ilustrador. Qualquer pessoa pode ser ilustrador hoje em dia, tendo um Macintosch e as editoras aceitam isso.
Mas eu me sinto bem com o meu desenho, acho que ele evoluiu apesar de tudo, apesar de todas as dificuldades.
Tenho atuado muito em eventos. Tem sido uma saída para manter a casa, para manter o ganho, pagar as despesas. Essa tem sido a luta. Mas eu acho que o artista tem que deixar um registro, fazer quadrinhos, fazer ilustração. E o mercado não está apreciando muito isso."
Cris Campos - O que falta?
Ricardo Soares - "Eu acho que tem um certo mercado sim. Mas para quem não está trabalhando com computador, está se tornando um pouco mais restrito. O que é uma pena, porque nos Estados Unidos e Europa, isso não é uma regra. No Brasil, se tornou uma regra: ou você abraça a informática para trabalhar com ilustração, ou você está fora do mercado. E é uma pena, porque a mentalidade na Europa e nos Estados Unidos é outra.
Eu acho que se você é um bom desenhistas, é um bom ilustrador, não importa a técnica com a qual você trabalha.
No Brasil, se tornou uma imposição. Porque a maioria os editores de arte acham que você tem que trabalhar com o computador. São eles que acham; não o ilustrador. Eles têm pressa em ganhar dinheiro e, quanto mais ilustrador usando computador, menos eles pagam, porque eles acham que é tudo mais rápido e mais fácil. Quem dita as regras do mercado da ilustração não é o ilustrador, são os editores de arte."
Cris Campos - E o que você quer fazer? Qual o teu sonho?
Ricardo Soares - "Eu quero continuar desenhando, melhorando cada vez mais o meu desenho, quero fazer caricaturas pra salão e gostaria muito de fazer quadrinho. Mas eu não gostaria de fazer quadrinhos no Brasil, porque eu não acredito no artista que vive de brisa, no artista que vive de idealismo.
Não que eu seja alguém que só pensa em dinheiro. Eu acho que o desenho, a arte tem que ser encarado como uma profissão qualquer. Você depende dessa profissão. Você precisa viver bem através da profissão, você precisa comer bem, se vestir, comprar material de qualidade e adquirir cultura através de livros, assistir peças de teatro, ver cinema de qualidade. O artista precisa disso. E o artista que não ganha bem, ele não pode fazer nada disso, nem ter paz de espírito pra criar."
Cris Campos - E o que os especialistas que hoje te conhecem, como o Paulo Caruso, falam do seu trabalho?
Ricardo Soares - "O Paulo gosta do meu trabalho. O Paulo acha que eu evoluí muito. Eu acho que tem o seu lado bom, mas não me acho também um fã babaca que vê o ídolo como o extremo. Eu acho que ele passou por fazes e adquiriu esse renome porque trabalhou muito. Eu estou traçando o meu caminho também, trabalhando muito e evoluindo no meu desenho. O Paulo é uma referência, assim como outros artistas foram referência para ele."
Cris Campos - Quem mais é referência para você?
Ricardo Soares - "Eu acho que alguns desenhistas europeus são referências. Eu gosto muito do caricaturista Sebastian Krüger, que é alemão e está fazendo um trabalho fantástico pintando as caricaturas dele em acrílico.
Gosto muito do All Hirschfeld, que morreu já e era americano, como o Will Eisner. Gosto muito do Milo Manara, que é italiano, o Eleuteri Serpieri. E outros que fazem trabalho já numa outra linha, como o Dave Mckean, que é inglês, fez muitas capas do Sand Man.
Meu gosto é variado, porque se você comparar o trabalho do Hirschfeld com o Dave Mckean, são diametralmente opostos. O Hirschfeld era o mestre da caricatura, o mestre do traço preto, da caricatura -  tanto que ele ficou conhecido como o King of line, o Rei do traço. E o Dave Mckean fazia um trabalho totalmente existencialista, totalmente diferente, pintado, não é traço.
No Brasil, acho que temos grandes mestres da caricatura: o Paulo, o Chico (Caruso), o Cárcamo, Baptistão do Estado de S. Paulo, Pavaneli, Dino Alves. E na ilustração, eu tive o prazer de conhecer o Jayme Leão, que fez as melhores capas de livros didáticos que eu já vi, as melhores ilustrações para paradidáticos. O Benício também."
Cris Campos, Bons Ventos - E você pretende dar aula?
Ricardo Soares - "Acho que é um objetivo futuro sim, acho que é legal. Pode ser interessante passar a experiência para outras pessoas, no futuro."
Cris Campos - É possível ensinar qualquer criança a desenhar?
Ricardo Soares - "Eu acho que é possível, mas a nossa sociedade educa as pessoas a ganhar dinheiro apenas. E a gente ainda vive muito influenciado pela idéia de que você tem que ser um doutor para adquirir respeito na sociedade. Existe essa idéia muito forte ainda.
E parece uma coisa colonial, do filho do senhor que vai para a Europa e volta com um diploma e, quando volta, é respeitado por todo mundo. E ele é respeitado por causa daquele diploma, por causa daquela posição social que ele adquire.
E o Brasil tem essa coisa que eu acho absurda: se você é artista, você não é respeitado como deveria. Na Europa, se você é um artista, você é respeitado.
Um professor meu, que era padre, me falou uma coisa muito interessante uma vez - padre Cassimiro, professor de filosofia na universidade católica, na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Salvador -: 'no Brasil, você adquire respeito quando adquire um diploma de médico, por exemplo, ou quando se torna padre; enquando na Europa, você adquire respeito quando se torna artista'. É totalmente diferente, é outra mentalidade."
Cris Campos - Por isso que você fala em ir para a Europa?
Ricardo Soares - "Eu gostaria de ter essa experiência sim. Sei que não é fácil. Acho que o artista na Europa ainda é mais bem remunerado que no Brasil."
Cris Campos - E o que falta?
Ricardo Soares - "Acho que o ponta-pé inicial seria ter dinheiro para chegar lá. Apesar do meu objetivo ser ganhar dinheiro com o meu trabalho, seria chegar lá também um pouco amparado financeiramente. Aqui está difícil."
* * *
Nota: Entrevista concedida em 19 de maio de 2005, no Café Creme, da Avenida Paulista, em São Paulo. Logo depois de visita à Casa do Artista. Noite bonita, um pouco fria, regada a cerveja, porção de frango grelhado com torradas e catupiri e um simpático vendedor de pequenos bonecos de pano.

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