Nosso planeta sofre muito com a
falta de verde. O desmatamento que assola a Terra é responsabilidade de todo
ser humano, que gasta criatividade e energia com novas formas de se
"apagar" a cor verde. Oxalá pudéssemos apenas desenhar e colorir de novo,
para as florestas voltarem instantaneamente a ocupar os espaços de antes.
Cris Campos e Ieda de Abreu
O menino brincava no quintal de
sua casa todos os dias. De tesoura na mão, cortava folhas e galhinhos o dia
todo. As árvores não escapavam. Mangueiras, abacateiros, ameixeiras, pessegueiros
e jaboticabeiras. A mãe gostava porque o filho ficava entretido, às suas
vistas, sem dar trabalho.
O menino era saudável, pequeno e
perseverante. Mas a mãe só lhe dava tesouras, para continuar sua brincadeira.
Assim ele cresceu. Com novas tesouras, cortava tudo que era verde.
Nem da escola gostava. Não tinha
amigos, não saía, não se interessava por nemorada. Só pelas tesouras, que a mãe
continuava a colocar ao alcance das suas mãos.
Ele só parava para olhar o brilho
do sol e do luar nas tesouras polidas. Como aquela arma branca era linda!
As mãos de menino cresceram. E
mão de homem continuavam a podar, cortar, ceifar. A tesoura não dava conta do
verde nem da gana do ex-menino. A brincadeira não tinha mais graça e um machado
se adaptou melhor ao podador.
Cortou todo oquintal aonde
cresceu. À sua volta, nada mais crescia. Nenhuma árvore. Na vizinhança, na rua,
na cidade. A brincadeira virou profissão e o podador ficou rico, contratou mais
empregados, comprou mais intrumentos de poda. Cortou tantas árvore quanto pôde,
por todo o país.
A falta de árvores virou problema
de governo. A solução sugerida por técnicos de Israel foi plantar, recompor o
verde. Mas o podador milionário ensinava seu conhecimento aos filhos e netos,
que herdaríam seu negócio.
Texto
produzido durante a Oficina "A construção e a desconstrução do texto
narrativo", com a professora Maria Marta Jacob, realizado de 06 a 14 de
dezembro de 2000.
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